Gosto de borboletas. Seres aparentemente frágeis, alvoraçados, belos e elegantes, com distintos ciclos de vida, capazes de percorrer longas distâncias e de manter-se sempre à tona. Fazem-me lembrar um dos meus sons e gestos preferidos: o virar de uma página de um livro. Para mim, têm sido um espelho interno do meu bailado.
São-me um símbolo de transformação e renascimento, tatuado para sempre quando a distância de 16000 km mudou o rumo da minha vida e me transformou. A minha grande metamorfose. São-me a minha Madame Butterfly, a graciosa gueixa japonesa da minha ópera favorita. São-me o mito grego da alma personificada por uma mulher com asas de borboleta e a crença, também grega, de que na morte o espírito sai do corpo em forma de borboleta.
Para mim, nada têm de ligeiras e inconstantes e a sua grandeza está muito além da sua aparência. Vivem na margem da transformação, assim como eu tenho vivido e espero continuar a viver, porque acho a vida provisória, merecedora de ser vivida sem ser possuída, uma passagem que nos faz crescer dentro da nossa crisálida.
Sofia Martinho
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