A vida pode ser lenta ou estridente, de fronteiras ténues entre dores e alegrias, mas escapa-nos para as badaladas do tempo. Enredar na tranquilidade, diluída do passado e sem antecipar acontecimentos, na partilha de quem e daquilo que nos preenche, faz-nos esquecer o compasso do relógio.
"A Persistência da Memória" De Salvador Dali |
Conseguir relativizar o tempo enquanto se colhe a vida é um desafio. Contudo, experimentar viver sem vaticinar, mas lúcidos da efemeridade humana, da mortalidade subtil à nossa passagem, dá alicerces e não nos faz míopes perante a hierarquia das escolhas. O compasso do tempo traz-me à memória um dos meus elementos surrealistas preferidos: os relógios moles d' "A Persistência da Memória", obra de Salvador Dali. A maleabilidade destes relógios parece aquietar a preocupação com a relatividade do tempo. Será tudo passível de ser moldável, incluindo o nosso tempo de vida?!
Sofia Martinho
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